Francês processa ex-empresa por ‘não fazer nada’ no trabalho
Happy Hour
Passar o expediente matando o tempo no escritório pode ser a definição de emprego ideal para alguns. Mas para o francês Fréderic Desnard, 44, ter um trabalho entediante, em que ele ''não fazia nada'', foi razão para processar a empresa.
Ele entrou com uma ação na justiça do trabalho da França nesta segunda-feira (2), pedindo indenização de 360 mil euros (cerca de R$ 1,46 milhão) por danos morais e direitos trabalhistas.
O francês ganhava mais de 80 mil euros (cerca de R$ 325 mil) por ano no cargo de diretor de serviços gerais da companhia de perfumes de luxo Interparfums, segundo a agência de notícias France-Presse.
A falta do que fazer começou em 2009 e piorou em 2012, segundo ele, quando a empresa perdeu um grande cliente e passou a demitir parte da equipe.
Desnard diz que foi ''colocado na geladeira'' e transformado em um ''profissional zumbi'' e alega que isso lhe causou sérios problemas emocionais e de saúde.
O caso deve ser julgado por um tribunal de Paris em 27 de julho.
'Garoto'
Em entrevista ao jornal francês ''Le Monde'', disse que trabalhava ''entre 20 e 40 minutos por dia''.
Apesar da posição de diretor, Desnard afirma que seus superiores o chamavam de ''garoto'' e não lhe davam nenhum trabalho. Pediam apenas que fizesse tarefas pessoais para eles, como buscar os filhos na escola.
Desnard diz que chegou a ser mandado para casa, com um aviso de que seria chamado caso o chefe precisasse, o que não teria acontecido.
Ele afirma que essa situação lhe causou ''extremo cansaço''. ''Eu não tinha mais energia para nada. Me sentia culpado e envergonhado de ganhar um salário sem fazer nada. Tinha a impressão de ser invisível na empresa'', disse ao jornal francês.
Mercado em crise
Para o advogado de Desnard, Montasser Charni, trata-se de uma forma de assédio moral, que teria acarretado problemas de saúde para o seu cliente.
''Ele teve depressão e sofreu um acidente de trânsito em decorrência de um ataque epiléptico'', disse. Após o acidente, Desnard ficou sete meses em licença médica e, em seguida, foi demitido, em setembro de 2014.
Segundo Charni, o funcionário não teve coragem de reclamar para a empresa porque o mercado de trabalho passava por uma crise.
Empresa nega acusações
A empresa nega as acusações. O advogado da companhia, Jean-Philippe Benissan, afirma que o ex-funcionário nunca enviou sequer um e-mail reclamando de sua situação, nem alertou a fiscalização dos direitos trabalhistas.
Benissan disse, ainda, que o médico da empresa sempre atestou Desnard como tendo boas condições de saúde.
A companhia questionou a ''estratégia'' do ex-funcionário, afirmando que ele anteriormente recorreu à justiça do trabalho alegando estar sobrecarregado.
(Com AFP)